sábado, abril 01, 2006

CICLO DE DEBATES DA NATURA - COP8

















UM BALANÇO

O ciclo de debates organizado pela Natura durante a COP8 tem uma estatística interessante: foram 52 pessoas que fizeram intervenções em 8 painéis sobre temas diferentes, do dia 20 ao dia 28 de março durante o tempo estabelecido para os eventos paralelos, ou seja, entre 1 e 3 da tarde e 6 e 8 da noite. Cada painel teve uma composição múltipla, com representantes de comunidades indígenas e tradicionais, setor privado, academia, governo, não governamentais e organizações internacionais.

Com uma platéia média de 30 pessoas por painel foram 210 pessoas no total que frequentaram a sala de debates (foto 1). Este público foi muito ampliado pela oportunidade de assistir às apresentações e debates na tela projetada no estande da Natura (foto 2).

Pela repercussão que alcançou, pelas pessoas que voltaram todos os dias para assistir, pelos comentários ouvidos nos corredores, acho que podemos considerar que a iniciativa foi um sucesso.

Grande parte deste sucesso resultou da qualidade excepcional dos painelistas. Para cada painel foram convidados os especialistas naquele tema. E o objetivo era que cada um pudesse expressar, em alto nível, a posição de seu grupo de interesse e ouvir, ao mesmo tempo, a defesa dos interesses de outros grupos. E cada um falou em nome de segmentos econômicos, políticos e sociais que, muitas vezes, atuam em campos opostos e em conflito. Para os ouvintes era uma síntese muito bem vinda e inteligente de debates que se diluíam na fluidez nas negociações oficiais.

Outra parte relevante do sucesso deve-se à capacidade de convocação e ao espírito da Natura – aberto ao diálogo e ao debate. Como afirmou a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, "todas as empresas fogem da discussão sobre biodiversidade, enquanto a Natura a promove". E deve-se creditar exclusivamente à Natura a idéia de trazer para o debate os temas polêmicos associados à implementação da CDB, assim como de oferecer às pessoas um ambiente descontraído (e saboroso) antes e depois dos painéis.

Cabe um crédito, também, à metodologia - ao fato de que abolimos as distâncias entre as pessoas e os temas – sem powerpoint, sem projeções ou textos escritos. Apenas uma idéia na cabeça e um microfone na mão. Queríamos uma fala direta, focada em problema e alternativas. Buscávamos uma opinião e uma contribuição ao debate sem muitos adereços. O espaço - pequeno - e a ausência de distância entre os expositores e o público, também facilitaram a ciração desse campo opinativo.

Por último, acho que também podemos afirmar que as pessoas estavam querendo ouvir algo mais concreto para contrapor com as dificuldades das negociações oficiais. Pode-se concluir que, se o CGEN não tem conseguido resolver muitos dos problemas para os quais foi criado - como foi dito ao final dos debates - ao menos tem sido bastante útil em criar um campo de debate e forçar o aprimoramento dos argumentos.

Não pretendo fazer um resumo dos debates aqui. Organizei os pontos que mais me chamaram a atenção e, claro, há um bias nessa seleção, que eu assumo. Penso que seja relevante ter um mente tanto aqueles tópicos que podem permitir maior exploração no futuro quanto aqueles sobre os quais não existe consenso.


Nenhum comentário: