sábado, janeiro 28, 2006
STEPHEN BUNKER
A pessoa que realmente me motivou a ir a Madison foi Stephen Bunker, sociólogo que publicou importantes artigos e livros a respeito do modelo de desenvolvimento da Amazônia e o extrativismo. Ele era bastante pessimista e transmitia isso em seus artigos e aulas.
Eu havia conhecido Bunker em 1978 quando ele era pesquisador do NAEA e eu estava fazendo minha primeira viagem pela Amazônia. Lembro desse encontro porque ele me deu um draft de um capítulo que estava escreveno sobre o subdesenvolvimento das florestas tropicais que depois virou seu livro mais importante: "Underdeveloping the Amazon: Extraction, Unequal Exchange, and the
Failure of the Modern State". Urbana: University of Illinois Press. Paperback edition, Chicago: University of Chicago Press, 1988 . Um clássico!
Stephen era professor no departamento de sociologia da Universidade de Wisconsin, dava um curso sobre a Amazônia e me convidou para ir à sua classe. Fui, falei sobre a história do movimento dos seringueiros e as reservas extrativistas, que, claramente, eram a evidência mais flagrante de que era possível mudar o curso trágico do destino da Amazônia.
Stephen e os alunos perguntaram, foi muito interessante o encontro. E aí ele fez uma revelação genunína: disse que acompanhava a história dos seringueiros e das reservas e a minha luta em provar que elas era viáveis e que ficava com inveja - no bom sentido da palavra - de ver que nós conseguíamos mudar a realidade que um olhar cientista treinado, cético, jamais poderia aceitar que aconteceria.
Percebi também que os alunos de Stephen estavam pesados, cansados, provavelmente com o fardo de carregar essa terrível saga de ser o lugar mais estratégico do mundo e não conseguir fazer nada! Dá a sensação, para qualquer americano médio, de que somos totalmente imbecis por não conseguir assimilar mensagem tão banal.
Enfim, foi um reencontro forte e impactante.
Stephen estava com câncer, visivelmente abatido e frágil, lutando, como ele disse. Dois meses depois, recebi um email de Alberto Vargas dizendo que Stephen Bunker, o sociólogo, havia morrido.
Voltar a Wisconsin para dar um curso sobre a Amazônia pode ser também uma homenagem a ele - e um elo para os inúmeros alunos que, motivados, passaram a estudar a Amazônia e, de repente, ficaram sem interlocutor.
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