[Alunos do curso Environment, Development and Social
Movements: an Amazonian Perspective, Yale, Fall 2004.]
Os alunos que fazem o Mestrado na Escola de Florestas de Yale vêm de diferentes países. No curso do Fall de 2004 havia uma incrível diversidade étnica e cultural: Japão, Colômbia, Peru, Brasil e, claro, Estados Unidos.
Ao final do curso os alunos fazem uma avaliação escrita confidencial. E o nosso curso recebeu uma das mais altas daquele semestre, por uma razão muito simples: a perspectiva de aplicar os conhecimentos adquiridos que a questão dos movimentos sociais desperta. A mesma razão que me atraiu para a Amazônia e que continua instigando tantas pessoas, de estudantes a profissionais.
Outro aspecto que também me chamou a atenção foi a experiência de campo que os estudantes norte-americanos tinham, apesar de serem muito jovens. Eles aproveitam as férias para trabalhar como bolsistas em comunidades indígenas, ongs, instituições conservacionistas ou de pesquisa, aprendem a língua (praticamente todos falavam espanhol além do inglês) e depois utilizam as informações em seus trabalhos acadêmicos.
A história do movimento dos seringueiros é paradigmática neste contexto, e abre inúmeras possibilidades de comparação. Fiquei até surpresa quando recebi este email Catherine Schloegel, minha aluna que acompanha o confronto jurídico dos indígenas do Equador contra a Texaco:
"O final de semana passado tive a oportunidade de encontrar Judith Kimerling que apoiou os grupos indígenas do norte da Amazônia Equatoriana em sua luta contra a Texado. Estou entusiasmada com a possibilidade de trabalhar com ela neste verão. Enquanto o processo jurídico contra a Texaco está parado, ela decidiu convidar 31 comunidades indígenas (que já manifestaram interesse em trabalhar com ela) para uma reunião durante a qual elas vão começar a escrever planos comunitários de recuperação ambiental. Se as comunidades ganharem a questão na justiça, ela acredita que grande parte do dinheiro ficará diluído e que elas teriam uma melhor oportunidade de reivindicar sua parte com um plano bem desenvolvido de recuperação...
Estou escrevendo para você porque, falando com ela, não pude deixar de lhe contar a respeito do curso que você deu em Yale e sobre o primeiro encontro dos seringueiros que você organizou em 1985 em Brasília. O sonho dela de colocar as 31 comunidades juntas este verão no Equador é muito parecido com o trabalho que você fez em 1985. Na minha conversa com Judith, ela mencionou que está preocupada em como encontrar fundos para pagar ônibus e barcos para viabilizar que representantes de cada comunidade possam atender. Então, estou te escrevendo para perguntar por idéias a respeito de como encontrar recursos para apoiar reuniões de comunidades como estas...."
A comparação é interessante, embora o tempo seja outro. Em 1985 nós conseguimos apoio da Fundação Interamericana, da UnB, da Oxfam, do INESC, da CNBB, mas o dinheiro só era suficiente para trazer 130 seringueiros a Brasília e não para levá-los de volta. Decidimos trazê-los, mesmo sem ter como pagar a volta... eu tinha certeza que ninguém iria querer deixá-los em Brasília por muito tempo. E foi assim que aconteceu: os governos estaduais rapidamente pagaram para os manifestantes voltarem para casa...
O entrosamento com os estudantes também foi muito bom, como se pode perceber da festa na qual cada um leva a cultura de seu país para trocar com os outros!
Um comentário:
Eu sempre soube que você seria capaz de mobilizar também no ambiente virtual, daí porque insisti tantas vezes para que criar o blog. Tinha certeza de que logo ele se constituiria em fonte segura de informação e de motivação para quem se preocupa com a Amazônia. Tudo isso está evidente nos seus primeiros posts. É emocionante acompanhar o seu relato e ver que o sonho não morreu e nem vai morrer. Pelo visto, você não conseguir se conter para atualizar o blog duras vezes por semana. Vamos exigir e você mesma sentira necessida de compartilhar seu cabedal conosco diariamente. Parabéns!
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