Na primeira foto, Cristiane Torloni e Victor Fasano em reunião com o Comitê Chico Mendes em Rio Branco, em outubro de 2006. Eles se colocaram à disposição para apoiar as atividades do Comitê. Tendo filmado no Amazonas e no Acre e sobrevoado a região em vários pontos, estavam indignados com o desmatamento. (E não foi o ano da seca, 2005!).
Mais que isso, tendo tido a oportunidade de entrar em uma floresta nativa, estavam contagiados. Ninguém sai impune de uma experiência como essa, ou fica imune a ela. Quem viveu sabe do que estou falando. O silêncio de uma mata nunca habitada - ou se habitada nunca destruída - é algo tão forte que costuma causar emoções inusitadas. Victor e Cristiane, assim como outros atores da minissérie Amazônia, têm relatado essa experiência.
Querendo dar visibilidade a uma certa indignação com o que viram - desde cidades sujas e descuidadas até matas destruídas, queimadas e pessoas indiferentes - reuniram parte do elenco e escreveram um denso documento - autoria principal de Juca de Oliveira, que já está em sua segunda minissérie amazônica, a primeira sobre a Madeira-Mamoré, em Rondônia, cuja situação ambiental deve ser a causa principal de sua opinião sobre a região.
Depois de muitas conversas o texto mudou de caráter e ficou curto, direto, sem detalhes a respeito do que deveria ser feito, mas com uma mensagem importante:
"IMEDIATA PROIBIÇÃO DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA BRASILEIRA. É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história. Somos um povo da floresta."
A segunda foto mostra o texto, que está abaixo, sendo assinado na noite de estréia da minissérie pela maioria do elenco, autora e diretor. Deverá ser entregue pessoalmente ao Presidente Lula quando ele voltar ao trabalho.
CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA
Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três Estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.
Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda dando passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de “Chico Mendes” ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”; mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.
Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semi-abandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem precisar derrubar uma árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento o que resta dos nossos valiosos recursos naturais.
Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o
§ 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê: "A Floresta Amazônica brasileira é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recurso naturais", deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal a
IMEDIATA PROIBIÇÃO DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA BRASILEIRA. JÁ! É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história. Somos um povo da floresta.
Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semi-abandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem precisar derrubar uma árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento o que resta dos nossos valiosos recursos naturais.
Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o
§ 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê: "A Floresta Amazônica brasileira é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recurso naturais", deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal a
IMEDIATA PROIBIÇÃO DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA BRASILEIRA. JÁ! É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história. Somos um povo da floresta.