"Tirar o visto para os Estados Unidos em São Paulo na segunda de manhã, de tarde fazer reunião na Natura em Cajamar, na terça ir para Brasília me defender em um processo aberto por mim mesma, na quarta checar porque meu advogado não me defendeu e escolher outro, na quinta voltar para São Paulo e me reunir com a editora que vai publicar o meu livro, chegar em Curitiba e concluir as consultorias, na terça viajar para a Flórida e preparar dois cursos, iniciar as aulas, continuar as consultorias, orientar alunos até dia 11 de dezembro, voltar para Curitiba, dar um tempo no Natal e Ano Novo, acompanhar o lançamento da minissérie sobre Galvez e Chico Mendes, ir para Wisconsin-Madison dar um curso sobre movimentos sociais e políticas públicas, voltar para lançar meu livro e em julho parar para descansar. Mas antes tenho que ir comprar cartucho prá impressora ali no shopping porque preciso imprimir os formulários do visto e acabou a tinta. E amanhã não dá tempo porque é o churrasco de aniversário do meu irmão, da minha sobrinha Júlia, do meu sobrinho Lucas e o meu também, e eu já vou sair de casa com a mala porque embarco no começo da noite prá São Paulo. Vou correndo e volto em um segundo..."
Era assim que estava a minha cabeça sábado passado às 18:30 mais ou menos. Só que ao voltar prá casa, já quase chegando, descobri o que muitos reclamam: os desníveis das calçadas de Curitiba. Eu estava realmente andando muito rápido, quase correndo e, de repente, estava com a cara no chão, dente quebrado, sangue por todos os lados e o choque que me atordoou porque não podia imaginar que aquilo estava acontecendo comigo. Tivesse uma pedra naquele lugar e eu não estaria contando a história.
Isso só prá explicar que fiquei fora do ar esta semana e que não vou mais para a Flórida porque essa agenda, que já era quase inviável, foi superada pela simples impossibilidade de me recuperar e fazer tudo que estava faltando antes das aulas começarem.
Não vou deixar de fazer essas e outras tantas coisas ao mesmo tempo como sempre fiz. Mas não dá prá correr nas calçadas de Curitiba, algo que eu não sabia até aquele momento. Inexplicável em uma cidade com a qualidade de vida que se desfruta aqui. Sou mais uma adepta das várias campanhas que descobri para consertá-las, dando uma rápida olhada na internet.
O choque da batida do meu rosto na calçada, é difícil de esquecer. A força ao cair sem conseguir aparar a queda, inexplicável. Uma sensação de perplexidade tomou conta de mim até o dia seguinte: como é possível planejar tudo nos mínimos detalhes, meses prá frente e, em um segundo, o imponderável, aquilo que você acha que nunca vai acontecer com você, simplesmente se intromete na sua rotina e vira tudo ao contrário?
Peguei o dente que havia caído no chão, coloquei num copo com leite que as pessoas que me acudiram ofereceram e fui levada correndo ao pronto socorro. Uma hora depois estava com o dente reimplantado, uma armadura de metal segurando um no outro e, com cuidado e tratamento adequados, uma boa chance de recuperação. Dica do médico: quando você perde um dente num acidente como esse, deixe-o no seu ambiente, a boca, até chegar no pronto socorro e poderá comer um churrasco em poucos dias.
Não gosto de fazer interpretações místicas para um fato tão concreto quanto esse: estava distraída, sob pressão, com uma agenda muito grande para um tempo muito curto. Mas que fiquei pensando, no fundo, qual era a mensagem desse imponderável, fiquei. Vamos ver se consigo descobrir nos próximos meses...
3 comentários:
Quem bom que você já levantou, sacodiu a poeira e deu a volta por cima. Agora que você ficou expert em calçada, quando aparecer em Rio Branco, vamos caminhas nas calçadas que estão sendo construídas pelo Angelim. A sua queda me fez lembrar de meu saudoso pai, que certa vez, enquanto caminhava na Epaminondas Jácomes, desabou de repente. Ele levantou mais rápido ainda e, dedo em riste, falou para o transeunte mais próximo: "Não ria senão mato você agora". Maior que a queda é a força que nos levanta, Mary. Bom saber do reimplante, que vai deixá-la bicuda como dantes. Definitivamente, sua dentuça não combina com as calçadas de Curitiba. Um beijo
Se não fosse o chão, ainda hoje a Sra. estava caindo, pense nisso!
hi, hi, hi...
Brincadeiras à parte, se a sua queda fosse aquio em Mauá/SP, talvez nem mesmo os bombeiros a teriam encontrado mais. É que aqui os buracos são maiores e dão direto no rio Tietê... pense num rio cheiroso!
hey, só para lhe falar,
eu acho q vou usar algum trecho da sua reclamação sobre as calçadas de curitiba para incrementar minha redação :)
obrigada, qualquer coisa
pekena_0110@hotmail.com
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