sexta-feira, abril 13, 2007
PARA ANDRÉ KAMAI
Recebi hoje o email do André Kamai, que está a seguir e que acho que todos devem ler. Ele levanta alguns pontos sobre a minissérie - e eu respondo a alguns deles. Mas o que ele diz certamente é maior do que minha resposta, razão pela qual abro um espaço especial para ele e para outros que quiserem contribuir.
Esta foto é do Armando, pai do Andre - é o segundo à direita, em alguma escola do Projeto Seringueiro.
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Olá Mary!
Deixa eu me apresentar: Sou André Kamai, filho da Fátima (do Projeto Seringueiro) e do Armando (da Funai e do Vai quem querzinho), acho que isso basta. Assisti quase toda a mini serie, principalmente a terceira fase e fiquei muito feliz com algumas coisas que foram apresentadas, toda a luta dos seringueiros pela liberdade e pela vida, a verdadeira luta do Chico pelas pessoas da floresta desmistificando o carimbo de "fundamentalista eco-chato" que muitos sempre tentaram colocar nele, por exemplo.
Mas acho, sinceramente que foram cometidas algumas injustiças; uma delas com os seringueiros que nunca assumiram a morte do Nilo e outra com pessoas de fundamental importância na construção dessa história. Senti falta do Manoel Estébio, do Ronaldo Oliveira, da Marlete, da Derci, e de outros companheiros que dedicaram suas vidas a essa luta.
O que você acha disso tudo?
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Querido André
Seu email é genial. Você é jovem, filho daqueles malucos que deram sua vida pelo Projeto Seringueiro, a Fatima e o Armando. Mesmo que eu quisesse imaginar, nunca poderia pensar que receberia, um dia, um email de você, um jovem que eu conheci criança, no meio das reuniões do projeto, e que reencontrei, e muito me impressionou, quando recebi o prêmio Chico Mendes de Florestania, em dezembro de 2005.
André, eu já escrevi um post para o blog, tentando relacionar ficção e realidade, que vou concluir hoje ou amanhã, onde tento resgatar histórias que não foram ao ar. Eu acho que ninguém faz esse tipo de história sozinho. Chico tinha isso muito claro e congregava as pessoas. Mas quando você conta a história, é comum selecionar um personagem e concentrar nele todos os outros. Nem sempre as pessoas que contam a história dizem isso, mas a gente sempre tem que ler dessa forma.
O personagem do Adrian, por exemplo, na minissérie, é também o do Tony Gross e do Steve Schwartzman, embora eles não tenham nada a ver um com o outro. Acho que o meu personagem, muito bem interpretado pela Silvia Buarque, acabou desempenhando o mesmo papel. Mas também senti falta do Ronaldo, da Marlete, da Fátima, do Armando, do Manoel Eustébio, assim como senti do Guma, do Osmarino, do Jaime Araújo e de tantos outros.
A verdade é só uma: essa história é muito forte e ninguém de nós que dela participou imaginou, um dia, que isso teria algum significado maior do que aquele ao qual estávamos dedicados naquele momento.
Será que não está na hora da gente publicar tudo aquilo que as pessoas pensaram naquele momento e criar um espaço no qual cada um possa se expressar e transferir sua experiência para os outros? A minissérie é só o começo. Eu vejo a Biblioteca da Floresta como esse espaço. Mas a gente pode começar já, aqui e agora, a recolher fotos, impressões, depoimentos e, depois, colocar lá, à disposição de todos. Precisamos contar todas as histórias.
Quer saber uma coisa, André: por que você não entrevista a Fátima e o Armando sobre o Projeto Seringueiro e localiza fotos que eles certamente devem ter, e vamos contar essa história agora?
Estou aguardando. Mary
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5 comentários:
Olá Mary!
Que felicidade a minha de receber uma resposta assim, confesso que esperava algo mais simples em resposta ao post. Estou envaidecido por ter merecido tanta atenção.
Eu concordo com você quanto à forma de contar a história, mas justamente por essa clareza que o Chico tinha que a história e as conquistas não seriam possíveis sem a participação de muitos que resolvi levantar estes questionamentos. Também sei que não seria possível fazer isso na minissérie, mas o que eu queria era isso que você está propondo mesmo. Não quero, de maneira alguma, desqualificar o trabalho da autora, como muitos tem feito, pelo contrário, só acho que ta na hora de falar um pouco mais sobre os "pequenos" personagens dessa grande história e incrementar o pouco que as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer na mini-serie.
Já topei o desafio. E acho que vou ter uma grande chance de fazer isso não só com meu pai e minha mãe, pois deles já arranquei muito. Mas um dia desses aí, ainda não sei quando, estarão reunidos Manoel, Binho, meu Pai e Ronaldo lá no Vai quem querzinho para discutir uma proposta de desenvolvimento a partir daquela experiência. Certamente não haverá momento mais interessante para conversar com boa parte desses personagens do que essa.
Gostaria de contar com sua colaboração também, pois sei que tem o melhor acervo daquilo tudo.
Hoje vou ficando por aqui, pois já está na hora do almoço e vou encontrar com meu pai, conversamos mais a diante.
Grande abraço!
Olá Mary!
Que felicidade a minha de receber uma resposta assim, confesso que esperava algo mais simples em resposta ao post. Estou envaidecido por ter merecido tanta atenção.
Eu concordo com você quanto à forma de contar a história, mas justamente por essa clareza que o Chico tinha que a história e as conquistas não seriam possíveis sem a participação de muitos que resolvi levantar estes questionamentos. Também sei que não seria possível fazer isso na minissérie, mas o que eu queria era isso que você está propondo mesmo. Não quero, de maneira alguma, desqualificar o trabalho da autora, como muitos tem feito, pelo contrário, só acho que ta na hora de falar um pouco mais sobre os "pequenos" personagens dessa grande história e incrementar o pouco que as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer na mini-serie.
Já topei o desafio. E acho que vou ter uma grande chance de fazer isso não só com meu pai e minha mãe, pois deles já arranquei muito. Mas um dia desses aí, ainda não sei quando, estarão reunidos Manoel, Binho, meu Pai e Ronaldo lá no Vai quem querzinho para discutir uma proposta de desenvolvimento a partir daquela experiência. Certamente não haverá momento mais interessante para conversar com boa parte desses personagens do que essa.
Gostaria de contar com sua colaboração também, pois sei que tem o melhor acervo daquilo tudo.
Hoje vou ficando por aqui, pois já está na hora do almoço e vou encontrar com meu pai, conversamos mais a diante.
Grande abraço!
Boa Tarde Mary!
Meu nome é Felipe, sou estudante de Jornalismo do Mackenzie-SP e estou fazendo uma matéria sobre o desmatamento da Amazônia e a sua contribuição para o aquecimento global.
Dei uma lida nas publicações do seu blog. Achei que talvez você possa me ajudar.
Aí vão elas:
1) Como o Brasil deve lidar com a “pressão” dos países ricos em relação ao desmatamento da Amazônia e o seu efeito no aquecimento do planeta? Para você, esses países do hemisfério norte estariam preocupados na fonte que a Amazônia representaria num futuro próximo em que os efeitos do aquecimento global seriam mais desastrosos?
2) O ecólogo norte-americano Douglas Trent, comentou para o jornal Folha de S. Paulo: “Embora possamos dar várias contribuições individuais, lamento dizer que, a menos que os brasileiros assumam a liderança de cobrar o fim dos desmatamentos e das queimadas de suas florestas, os esforços cotidianos significam pouco".
O cidadão consciente teria outro papel além de reivindicar pelo fim do desmatamento? Qual?
3) O greenpeace e outras organizações estão fazendo um grande trabalho de conscientização na mídia a respeito do aquecimento global. Mas até onde a mídia transforma os fatos num grande espetáculo? É possível uma saturação do assunto?
4) Tanto a pressão das organizações nacionais, como as internacionais, tem resultado em alguma posição mais firme da fiscalização brasileira no desmatamento ilegal? O governo tem se mostrado ativo na luta contra o desmatamento da Amazônia? E não só usando disso como uma alavanca meramente política?
5) O desenvolvimento na região amazônica é primordial para conter o avanço do desmatamento, da expansão da agropecuária etc.
Essa é uma iniciativa institucional e das políticas públicas, na medida em que os recursos da floresta são destruídos a partir do interesse de grandes empresários (mesmo que na ilegalidade) aliado a uma política de enriquecimento a curto prazo.
De que forma você vê esse desenvolvimento pró Amazônia acontecer, de qual liderança? Uma vez que o progresso (rodovias, por exemplo), que é uma coisa inevitável, quase nunca analisa a questão ambiental.
A matéria que eu estou escrevendo é para um jornal laboratório chamado AmbienTerra. Um jornal específico sobre o meio ambiente.
Aguardo a sua resposta. Muito Obrigado.
Felipe Pinheiro
Boa Tarde Mary!
Meu nome é Felipe, sou estudante de Jornalismo do Mackenzie-SP e estou fazendo uma matéria sobre o desmatamento da Amazônia e a sua contribuição para o aquecimento global.
Dei uma lida nas publicações do seu blog. Achei que talvez você possa me ajudar.
Aí vão elas:
1) Como o Brasil deve lidar com a “pressão” dos países ricos em relação ao desmatamento da Amazônia e o seu efeito no aquecimento do planeta? Para você, esses países do hemisfério norte estariam preocupados na fonte que a Amazônia representaria num futuro próximo em que os efeitos do aquecimento global seriam mais desastrosos?
2) O ecólogo norte-americano Douglas Trent, comentou para o jornal Folha de S. Paulo: “Embora possamos dar várias contribuições individuais, lamento dizer que, a menos que os brasileiros assumam a liderança de cobrar o fim dos desmatamentos e das queimadas de suas florestas, os esforços cotidianos significam pouco".
O cidadão consciente teria outro papel além de reivindicar pelo fim do desmatamento? Qual?
3) O greenpeace e outras organizações estão fazendo um grande trabalho de conscientização na mídia a respeito do aquecimento global. Mas até onde a mídia transforma os fatos num grande espetáculo? É possível uma saturação do assunto?
4) Tanto a pressão das organizações nacionais, como as internacionais, tem resultado em alguma posição mais firme da fiscalização brasileira no desmatamento ilegal? O governo tem se mostrado ativo na luta contra o desmatamento da Amazônia? E não só usando disso como uma alavanca meramente política?
5) O desenvolvimento na região amazônica é primordial para conter o avanço do desmatamento, da expansão da agropecuária etc.
Essa é uma iniciativa institucional e das políticas públicas, na medida em que os recursos da floresta são destruídos a partir do interesse de grandes empresários (mesmo que na ilegalidade) aliado a uma política de enriquecimento a curto prazo.
De que forma você vê esse desenvolvimento pró Amazônia acontecer, de qual liderança? Uma vez que o progresso (rodovias, por exemplo), que é uma coisa inevitável, quase nunca analisa a questão ambiental.
A matéria que eu estou escrevendo é para um jornal laboratório chamado AmbienTerra. Um jornal específico sobre o meio ambiente.
Aguardo a sua resposta. Muito Obrigado.
Felipe Pinheiro
Eu não assito e nem assisti a mini-série, porque tenho o pé atrás com a rede globo. Acho que ao assistir estaria compreendendo a história e fatos de forma errada. A r. globo nunca passou uma coisa de verdade com verdade.
Sinto enorme amor pela minha pátria. Tenho orgulho da amazônia e fico pensando soluções sustentáveis, apesar de não ser profissional do ramo e nem influenciar nada diretamente. Mas meus olhos transbordam ao ver/sentir que meu amor é pequeno perto do de vocês pela floresta. Meu comentário é só para parabenizar os atos nobres de pessoas como vocês que muito raro aparece na T.V. ! Parabens André! Parabéns Mary! E parabéns a todos que se envolvem em projetos de sustentabilidade e preservação.
Abraços...
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