segunda-feira, junho 19, 2006

VALEU A PENA RECLAMAR


Valeu a pena reclamar do Banco do Brasil.

Relatei na última postagem minha irritação com as dificuldades em operar pela internet com a conta jurídica do Banco do Brasil. Enviei um email ao ouvidor pedindo para informar melhor os usuários e não cobrar juros sobre o saldo negativo da minha conta.

Recebi hoje uma ligação da agência. O funcionário do Banco reconheceu que as informações não estão claras nem disponíveis. E mais, extornou os juros da minha conta.

RECLAMEM SEUS DIREITOS.

sábado, junho 17, 2006

COISAS IRRITANTES EM UM PAÍS QUE JÁ FOI MAIS SÉRIO!






Devo ter nascido no país errado. Eu que gosto tanto de organização, transparência, objetividade, eficiência, planejamento... parece que atraio situações nas quais mesmo a mais tranquila das pessoas (que não sou) se irritaria. Eu que sou chata e me irrito à toa, ou as coisas estão mesmo exageradamente fora do lugar no Brasil?
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Chego de uma viagem (dentro do país) de 12 horas e tenho contas a pagar. São oito horas da noite de uma sexta-feira. Minha conta pessoa física está sem saldo e preciso fazer uma transferência da conta pessoa jurídica. Não consigo: a informação é que estou em horário não permitido. Horário não permitido? Mas não são nove horas da noite - limite para transações em conta de pessoa física! Ligo para a assistência vinte e quatro horas do banco e descubro que conta de pessoa jurídica só pode ser acessada das 7 as 19 horas, de segunda a sexta, a não ser que você reconfigure o computador. Para reconfigurar, é preciso autorização do banco, que só pode ser feita no próximo dia útil e que somente estará valendo um dia útil depois! Onde, no site do banco, essa informação está disponível??? Vou ter que pagar juros na minha conta pessoal e juros no cartão que deixei de pagar. Irritada, fiz uma reclamação na ouvidoria no site do banco e um boletim de ocorrência solicitando o não pagamento dos juros pelo fato da informação não estar disponível.

A mesma coisa já acontecera antes, para fazer transferências de uma conta pessoa física para outra pessoa jurídica, da mesma pessoa. É preciso solicitar por escrito que o mesmo banco, na mesma agência, autorize uma transação desse tipo.
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Vou para o aeroporto à meia-noite, com a certeza da passagem reservada na forma pedida: de Rio Branco para Curitiba, assento na janela, de preferência não nas primeiras poltronas. Não há nenhuma razão para essa escolha, a não ser uma mania adquirida nos tempos em que se fumava nas poltronas traseiras do avião. Recebo a passagem e vou para o embarque. Não lembro de olhar nem checar.

Pois bem: recebi um bilhete que me levou para Brasília; lá desembarquei e esperei mais de duas horas para embarcar para SP; em SP esperei mais de duas horas para embarcar para Curitiba. Cheguei em Curitiba às 2:30 do dia seguinte. E sabe em qual poltrona me colocaram? 30 F a última fila, sabe aquela que não reclina? Será que eu deveria ter pedido a poltrona um e ter dito que queria o caminho mais rápido para chegar?

Acho que bancos e aeroportos são os lugares mais irritantes do mundo.
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Abri uma empresa de consultoria. Devidamente assessorada por um contador, paguei a primeira remessa de impostos no dia certo, tudo de acordo. Acontece que alguns dias antes daquele no qual venciam os impostos, chegou um documento, pelo correio, com data de pagamento que coincidia com os que o contador havia me enviado. Automaticamente, pensei que deveria pagar, inclui no total e paguei. Era um documento do Banco do Brasil, emitido por uma tal de Associação Comercial e Empresarial do Brasil e definido como contribuição empresarial.

Alguns dias depois, chegou outro documento, agora da Caixa Econômica Federal, definido como contribuição de classe anual, para uma tal de ANACOM - Associação Nacional do Comércio. Também paguei, certa de que se tratava de mais um imposto.

Quando recebi, novamente, um boleto de cobrança da tal Associação Comercial e Empresarial do Brasil, resolvi investigar. Liguei para o número colocado no documento e perguntei pelo site e por informações: aí fiquei sabendo que a contribuição era voluntárias (ou seja dos otários que eles conseguissem enganar feito eu), o site não existia, ou seja, estelionato. Lá vou eu novamente fazer boletim de ocorrência e tentar me livrar do prejuízo.
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A última enganação.

Mandei fazer umas cortinas em casa e a empresa que contratei não entregou no prazo nem respondeu às minhas reclamações; fui ao banco e suspendi dois cheques pré-datados que havia dado. Depois de uns dias recebi uma ligação de um cara dizendo que havia comprado a empresa e estava tentanto regularizar os serviços pendentes. Eu concordei e acertamos que eu faria outros dois cheques uma vez que os anteriores haviam sido cancelados por mim. Ele entregou o serviço e tudo bem.

Um ano depois recebo um aviso de um cartório de protesto de títulos dizendo que eu tinha dado um cheque sem fundo que estava indo para protesto caso eu não pagasse em 24 horas. Fui ao banco e descobri que aqueles dois cheques que eu havia cancelado somente perderiam efeito se tivesse havido um BO - boletim de ocorrência. O picareta pegou os dois cheques, entregou para um outro picareta cobrar, este foi ao banco e, não conseguindo descontar nem tendo o banco carimbado o cheque como cancelado, protestou e tive que pagar. Dá prá entender? O dono do cartório me instruiu: para não ser cobrado, ao cancelar o cheque, é preciso invocar uma tal Linha 21 no banco. Já paguei um e em breve deverão me cobrar o outro, com custas do cartório e tudo o mais.
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Moral das estórias:

1. Sugiro a todo cliente do Banco do Brasil que, quando abrir uma conta pessoa jurídica, fale mais ou menos assim, com educação, à pessoa que atender: obrigado por receber o meu dinheiro em seu banco; infelizmente, vou precisar usar um pouco desse dinheiro, sabe, prá pagar umas continhas, comprar umas coisinhas, mas por favor, me explica quando eu posso acessar a minha conta e eu prometo que somente vou usar o meu dinheiro naquelas horas que você permitir. Muito obrigada pela sua consideração.

Se existem razões técnicas para toda essa dificuldade - que tal se o site do Banco do Brasil escrevesse algo assim: desculpe, mas por razões Y e Z, os serviços via internet de sua conta somente podem ser acessados nas seguintes circunstâncias X e W. Um resuminho simples e rápido, lógico e eficiente e estava resolvida a questão, evitando tanta irritação.

2. Já reclamei bastante das companhias aéreas neste meu blog. E já sugeri uma associação em defesa dos passageiros. Mas acho que seria conveniente pedir sempre lugar na frente e olhar tudo, tim tim por tim tim, antes de sair do balcão da companhia. Perguntar com educação, algo assim: estou pagando essa passagem, e gostaria de estar indo para tal lugar - é para lá mesmo que vocês estão me levando? estou indo pelo roteiro mais curto disponível? e vou poder reclinar meu assento quando depois que o avião decolar?? Muito obrigada pela sua consideração.

3. A robalheira está uma vergonha. Todo mundo querendo ganhar de todo mundo a qualquer custo. Não devo ser só uma neófita. Aposto que outros já caíram nos mesmos golpes que eu. Fique esperto e não pague nada sem consultar o seu contador, como já me advertiu o meu. E outra coisa, pare de dar cheques pré-datados e se deu algum e teve que cancelar, lembre-se da Linha 21 e faça um BO. Aliás, BO é a salvação prá tudo, sempre tenha um BO perto de você. É a única coisa que parece que funciona. Aliás, os bancos não deveriam obrigar as empresas que utilizam seus serviços a especificar nos boletos algo assim: essa é uma contribuição voluntária, etc, etc?

Chego à conclusão que tudo depende exclusivamente de você e todos estão tentanto, o tempo todo, lhe enganar. Até Curitiba, que já foi exemplo de correção, está cheia de caloteiros.

Tenho certeza de que o Brasil já foi diferente.

domingo, junho 11, 2006

O MAU EXEMPLO DA GOL



























Olha que mau exemplo o dos funcionários da Gol em Rio Branco. Jogam o papel das bagagens no chão, que vai engatando nas rodas dos carrinhos e sendo levado para a sala de saída do aeroporto... Seria tão simples colocar um lixo e evitar essa sujas imagens...
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A promoção da Gol de passagens a R$50,00 e R$25,00 é excelente para os consumidores, claro. Mas nossos aeroportos não estão preparados para essa avalanche de passageiros e ficam intransitáveis, desconfortáveis, confusos, cheios, atolados. Em Congonhas, na última sexta-feira, a fila da Gol ia do saguão do aeroporto ao local do check in cobrindo portas da lojas, saídas dos funcionários, tudo. Não é justo. Mulheres com crianças estavam muito irritadas, e com razão. É incrível a capacidade que temos, brasileiros, de nos curvar à falta de planejamento dos órgãos que deveriam evitar esse tipo de problema e ao excesso de interesse econômico e lucro das empresas.

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Também não consigo entender... o preconceito com o Acre!!!

Por que a aeronave da Gol que faz o trecho São Paulo - Brasília tem assentos normais, confortáveis, e aquela que faz o trecho Brasília - Rio Branco tem assentos estreitos e desconfortáveis e espaço menor entre uma fileira e outra? Além de ser um dos dois vôos que conectam o Acre ao Brasil (o outro é da Varig) e destes vôos somente operarem à noite e de madrugada, são os piores!

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Se eu tivesse tempo iria criar uma associação de defesa dos passageiros de aviões - nunca vi um consumidor tão desprotegido.

terça-feira, junho 06, 2006

IBAMA, PRESTA ATENÇÃO!

Vejam a nota que tirei do site do IBAMA noticiando a criação de novas áreas protegidas, ontem, no Dia Mundial do Meio Ambiente, e me ajudem a alertar o órgão ambiental para não cometer erros como os listados abaixo:

"Presidente Lula assina decretos criando quatro novas Resex
Brasília (06/06/2006) - O presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou ontem decretos criando quatro novas Reservas Extrativistas Federais (Resex) no País, três delas na Amazônia Legal. Juntas, as Resex de Terra Grande-Pracuúba (no PR), (não é no Paraná, mas no Pará), de Iriri (na BA) (não é na Bahia mas no Pará), de Canavieiras (no AM) (não é no Amazonas mas na Bahia) e mais a reserva do Parque Nacional da Juruena (o Parque Nacional foi classificado como Resex) (na fronteira do AM com MT) formam área de 2,6 milhões de hectares...."

"As UCs são formadas por Áreas de Proteção Integral, como é o caso dos Parques Nacionais, como o da Juruena (que não podem ser explorados economicamente), e por Resex, que permitem atividades extrativistas, com base em um plano de manejo sustentável dos recursos naturais da região. "

Ele quiz dizer que o sistema de unidades de conservação congrega áreas de proteção integral (como os Parques) e de uso sustentável (como as Resex)...

"Uma vez criadas as Resex, seus recursos naturais passam a ser utilizados de modo sustentável (não-predatório), assegurando condições de sobrevivência sócio-cultural às populações locais, que em geral vivem do extrativismo, da agricultura de subsistência ou da criação de animais de pequeno porte. Em seu estágio avançado, as Resex geram empregos e renda e inibem a grilagem de terras. "

Ele quiz dizer que as Resex são criadas porque os recursos são utilizados de modo sustentável pelas populações locais... e também que asseguram a permanência das pessoas e abrem novas oportunidades de renda...

A Resex Terra Grande-Pracuúda, localizada entre os municípios de Curralinho e São Sebastião da Boa Vista, na Ilha de Marajó, no Paraná (o autor realmente acredita que é no Paraná), propiciará a extração sustentável do açaí, do palmito e de óleos vegetais. Os habitantes da Resex do Iriri, em Altamira, no Pará, extrairão riqueza da pesca e de óleos como o da copaíba e da andiroba. A Resex de Canavieiras, situada nos municípios baianos de Canavieiras, Belmonte e Uma (só pode ser Una) (Costa do Cacau), favorecerá a pesca artesanal e de mariscagem.

Por sua vez, a Resex do Parque Nacional do Juruena (eu já afirmei antes que ele acha que Parque Nacional é uma Resex!!!) do extremo-sudoeste do Amazonas ao norte do Mato Grosso, vem interromper a ameaça de degradação decorrente, hoje, da expansão da fronteira agrícola, da atividade madeireira, da grilagem de terras e dos garimpos.

Desculpe Rubens Amadori (Ibama/Sede), mas esse foi um texto de amador!!

segunda-feira, junho 05, 2006

MENSAGEM AOS JOVENS

Chico Mendes e sua neta Maria Luiza,
em 22 de dezembro de 2005










Chico Mendes e os meninos
de Rio Branco, em maio de 2005









Na semana mundial de meio ambiente, uma homenagem à decisão de Elenira, a filha do Chico, de divulgar a mensagem de seu pai aos jovens (ver no blog do Altino Machado http://altino.blogspot.com/). Estou certa de que muitas pessoas estarão dispostas a ajudar.

Vale pensar: o que faz com que algumas pessoas e suas idéias permaneçam no tempo enquanto as de outras desaparecem? será pela atuação dos que continuam? será pela originalidade das idéias? ou será que, em determinadas circunstâncias, cria-se um ambiente específico para uma reação em cadeia, inesperada, que faz com que alguns grupos sociais estabeleçam limites a outros grupos, criando dessa forma um novo paradigma? e o que detona esse limite? não me parece que seja algo dominado pelas agências de inteligência ou de marqueting, caso contrário a mudança social seria mais previsível e até manipulável....

domingo, junho 04, 2006

SERINGAL E COLOCAÇÃO



Ainda sobre o livro de Daniela Marchese.

Procurando entender a representação mental que os seringueiros têm do espaço vivido e não vivido a autora solicitou o desenho de suas colocações, ou seja, do espaço principal da vida cotidiana e de trabalho dentro da mata.

Os dois desenhos acima são interessantes: o da direita é de Antônio Teixeira Mendes, o Duda, primo do Chico, e mostra a colocação com as estradas de seringa, os caminhos que ligam uma estrada à outra e todos ligando com a casa. Enquanto quase todos os desenhos dos homens estão centrados nas estradas, na produção, os das mulheres estão focados nas casas.

O desenho da esquerda é de Chico Mendes e foi feito em São Paulo, em 1988. O objetivo era explicar como se vivia no seringal. Também aparecem as estradas de seringa. Mas o que distingue esse desenho de todos os outros, (isso sou eu que estou dizendo), é o fato dele inserir a colocação como o elo final de um roteiro que começa na cidade e passa pelo barracão. Chico fez um desenho do espaço evidenciando a visão histórica da situação dos seringueiros, além da subordinação deles, espacial e economicamente, ao barracão. Ou seja, fica evidente, como ocorria no passado, que o elo com a cidade, como o mundo e o mercado, tinha que passar pelo barracão. Enquanto a colocação era o espaço do seringueiro, o barracão era o espaço do patrão.

A autora conclui que, embora o seringal enquanto unidade de produção de borracha tenha deixado de existir, ele continua como uma referência espacial de uma unidade que existia no passado e que foi englobado pelas reservas ou assentamentos extrativistas. Nesse novo modelo espacial, o seringal parece ter cedido o lugar para a colocação como referência de produção. Ou seja, o seringal é a referência do passado, com patrão, barracão, etc. E a colocação é a referência do presente com as áreas protegidas, sendo a cooperativa a unidade comercial.

Defendi na minha tese de doutorado que a reserva extrativista funciona porque se baseia no uso tradicional do espaço no seringal. O que ocorre é uma profunda mudança nas relações sociais de produção, mantendo o mesmo espaço, o que é possível em função da grande autonomia que as comunidades extrativistas têm dentro da floresta (e que explica também porque precisava haver tanta repressão do patrão).

A reserva extrativista funciona porque é, na prática, um seringal sem patrão.

sexta-feira, junho 02, 2006

A PERNA DIREITA DA ESTRADA


A capa do livro de Daniela Marchese é um famoso desenho de Hélio Melo, artista acreano. O livro, "Eu Entro Pela Perna Direita - Espaço, Representação e Identidade do Seringueiro no Acre" é resultado de tese em Antropologia Cultural defendida pela autora, em 1999, na Universidade de Siena, na Itália. Foi publicado pela Editora da Universidade do Acre em 2005.

Trata-se de uma interessante análise a respeito do uso do espaço pelos seringueiros, no seringal, um tema que sempre chama a atenção de pesquisadores das comunidades tradicionais da Amazônia, mas que sempre aparece de forma marginal. No caso deste livro, o espaço é o objeto principal.

O livro tem uma estrutura bem organizada e equilibrada, tornando a leitura muito agradável e direta. Alguns capítulos certamente poderiam ser adotados em escolas da floresta ou cursos de capacitação. Cada capítulo aborda as relações espaciais dos seringueiros em torno de seis temas: produção, corpo, orientação, representação, mito e, de maneira conclusiva, identidade.

Demonstra a autora que, não havendo referências espaciais visíveis na floresta, o seringueiro atribui nomes e desenhos ao espaço utilizando para isso idéias e conceitos que são comuns a todos, como o próprio corpo: boca, perna, manga, corpo da estrada de seringa, por exemplo. Também interesse conhecer as diferentes maneiras que os seringueiros utilizam para se orientar: pelo sol, pelas águas, pelas estradas de seringa, pelo conhecido, pelo rumo, cada sistema com suas técnicas, que são, na verdade, formas de domesticar o espaço e garantir segurança de nele viver. A autora também analisa os mitos clássicos da Amazônia e como se relacionam com representações do espaço: a mãe e pai da mata, o mapinguari, cipó e cobra jibóia.

Por último, o livro aborda a questão da identidade. Apesar dos entrevistados não trabalharem mais com borracha, não terem mais a profissão de seringueiros, portanto, continuam se identificando e sendo identificados pelos outros, como seringueiros. Ou seja, a transformação dos seringais em áreas protegidas, retirou do seringueiro a conotação profissional que a palavra traz, mas manteve a conotação espacial e ideológica a ela associada. Em que medida essa diferença está sendo bem compreendida pelos projetos econômicos que estão sendo implantados nessas áreas, é uma pergunta que encerra o livro.

Este é um de vários outros livros que comprei em Rio Branco recentemente. São publicações interessantes que não estão disponíveis fora do Acre, viabilizadas pela Editora da UFAC.